Livro aborda relação da imprensa com a política brasileira
O novo livro do jornalista e acadêmico Emiliano José, intitulado Intervenção da Imprensa na Política Brasileira – 1954-2014 (Editora Perseu Abramo), busca, na história recente, exemplos que explicitam a relação da mídia com o poder.
De Vargas a Goulart, da ditadura militar a Collor; de FHC a Lula e Dilma, o autor identifica práticas equivalentes às de partidos políticos. O lançamento será na próxima quarta-feira, 2, às 18h, na sede da Associação dos Professores Universitários (Apub).
“Intelectual público”
O prefácio é da autoria do professor de ciência política e comunicação da Universidade de Brasília, Venício A. de Lima. Ele enquadra Emiliano José no conceito de “intelectual público”, cunhado por Russell Jacoby, da Universidade da Califórnia, para diferenciá-lo dos “acadêmicos burocratizados que perseguem cegamente as metas de produção, com vida acadêmica voltada para dentro do campi e com jargão universitário inacessível ao cidadão comum”.
O intelectual público, ao contrário, expressa a pluralidade e a diversidade da sociedade, em busca de uma opinião republicana e democrática.
Para Venício A. de Lima, ao não abdicar de sua tarefa crítica, Emiliano José assume o perfil de um intelectual público, na teoria e na prática, já que, além de mestre e doutor da Ufba, é jornalista e atuou na política como vereador, deputado estadual e deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, além de exercer cargos públicos administrativos.
Ex-preso político, é autor de mais de uma dezena de livros sobre as memórias da ditadura, entre eles Lamarca, O Capitão da Guerrilha, Emiliano visita episódios e momentos cruciais de nossa história política recente.
Escândalos
O livro de Emiliano José chega no auge dos chamados Escândalos Políticos Midiáticos – EPM, estudados pelo historiador britânico John B. Thompson, com o surgimento do jornalismo investigativo, combinado com o crescimento dos oligopólios de mídia e disseminação das tecnologias de informação e comunicação (TICs), que possibilitam o surgimento dos tais “escândalos midiáticos”.
Agora, a grande mídia se torna arena das relações do campo político. Os comentários sobre os EPM não são acidentais, passam a ser parte constitutiva dos próprios EPM.
Emiliano José vê um caminho: a democratização da mídia como forma de superar o impasse entre democracia e golpismo.
Fonte: A Tarde.com.br